Ale Monteiro - Direção de Arte e Surrealismo em harmonia
Responsável pela produção de videoclipes e editoriais com nomes de peso como Bruna Griphao, Zac Efron, Aline Wirley e Sarah Andrade, Ale Monteiro compartilha detalhes de sua mente inquieta e inspirações no mundo da moda
Foto: Reprodução Instagram @oalemonteiro
Uma boa Direção de Arte demanda tempo, estudo, sensibilidade e muito, mas muito trabalho! Ale Monteiro é a prova de que a inquietação interna ganha espaço em projetos ousados e repletos de inovação através de um olhar crítico.
A moda é uma das paixões e pontos de conexão para a expressão artística de Ale, muitas foram e ainda são as influências que fazem com que a moda seja, cada vez mais, criativa e atemporal. Mesmo com tantas tendências surgindo dia após dia, alguns pontos permanecem sendo referência e atravessando décadas.
Dentro de tantas inspirações, uma das que continuam presentes é o movimento artístico chamado de “surrealismo”, que surgiu na cidade de Paris na década de 1920 e trouxe uma nova proposta que foi capaz de romper com os padrões da época. O diretor criativo Ale Monteiro faz um paralelo sobre como o surrealismo une passado e presente.
“Um dos grandes nomes desse surrealismo é a designer de moda italiana Elsa Schiaparelli, que sempre apostou em peças inovadoras e marcou seu nome na história pela sua criatividade e ousadia. Até hoje, suas criações seguem sendo fonte de inspiração para tantos outros. Uma verdadeira visionária”, diz Ale.
Foto: Divulgação / Schiaparelli
O diretor criativo analisa que, na moda atual, podemos ver com clareza como o surrealismo foi aceito, principalmente nas coleções mais conceituais, onde os estilistas brincam bastante com formatos e detalhes visuais: “Misturas de texturas, maxi volumes, exaltação à dimensões… Todos esses são pontos que podemos conectar uma época à outra, já que ambos nos causam alguma ilusão de ótica. Quando vamos a determinados desfiles, por exemplo, sempre esperamos por algum elemento surpresa”, diz.
Com todos os holofotes do mundo da moda voltados para a semana de alta-costura de Paris, uma peça que chamou atenção foi o vestido da cantora Camila Cabello: uma incrível mescla de curvas e leveza em um look assinado pela designer de moda Iris van Herpen.
Foto: Reprodução Pinterest
Ale aponta que a estilista é outro grande nome do surrealismo, mesmo com sua visão mais moderna: “É incrível a forma como ela traz em suas peças elementos atemporais que, assim como a Schiaparelli, nos faz questionar sobre o que é real e o que é ilusão, mas sempre de maneira bastante elegante e sofisticada”, ele diz e completa: “Aliás, o desfile da Schiaparelli foi o que abriu a temporada e foi divino! É um verdadeiro presente para nós que somos admiradores de algo tão enriquecedor!”.
Por fim, ele analisa que o surrealismo foi e continua sendo um movimento artístico de livre interpretação e que, diferente de tantos, não busca a perfeição: “A ideia é prender a nossa atenção e, de fato, conseguem, porque cada peça é um verdadeiro deleite para os olhos de quem vê. O mais importante em um artista é a imaginação e a capacidade que ele tem de se reinventar, de criar. Essa é a essência do surrealismo: a atemporalidade da individualidade de cada um. Vivemos em um mundo onde todos são parecidos, usando roupas parecidas e agindo parecido. O surrealismo nos lembra que a desconstrução é a nossa melhor versão”, finaliza.
Sentimos muito por aqueles que acreditam que o "Quiet Luxury" irá dominar o futuro da moda, afinal não existe forma melhor de expressar sentimentos e ideias do que através do Surrealismo, reconstruindo formas abstratas através de uma estética livre de julgamentos.
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