SPFW: Lino Villaventura mistura arte e apocalipse
- Danielle Moreira
- há 5 dias
- 2 min de leitura
Com novos materiais e mood apocalíptico, Lino Villaventura apresenta coleção que mistura alta-costura, casualidade e artesania.

Foto: Agência Fotosite
Veterano absoluto do São Paulo Fashion Week, Lino Villaventura apresentou uma coleção que reafirma sua assinatura autoral ao mesmo tempo em que inova nos materiais e na construção das peças. Em um desfile carregado de emoção e teatralidade, o estilista criou uma narrativa visual que transita entre a distopia e a sofisticação artesanal, mantendo sua fidelidade à técnica da moulage e ao cuidado extremo com cada detalhe.

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Com telões projetando nuvens de tempestade, o cenário anunciava o clima dramático da apresentação. A estética apocalíptica se materializou em camadas elaboradas: polainas sobre calçados, casacos robustos com referências à alfaiataria e vestidos arquitetônicos que evocam um futuro incerto, porém elegante. A inspiração cinematográfica se encontrou com a realidade tátil de tecidos que contam histórias.

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Nesta coleção, Lino apostou em novos materiais que transformaram visualmente seu trabalho com nervuras e bordados. Ao lado da tradicional seda, surgem o algodão rústico, tramas abertas semelhantes às redes nordestinas e a palha, criando superfícies ricas em textura e significado. O náilon, que marcou sua carreira nos anos 1990 e 2000, retorna com força em peças matelassadas e com brilho acetinado, convivendo harmonicamente com tons naturais e orgânicos.
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O couro foi repensado com ranhuras que mimetizam nervuras e, ao final, um dos momentos mais marcantes: um vestido exuberante confeccionado em patchwork de pele de cobra vintage, colorido e dramático. A peça simboliza o espírito da coleção — a união entre o passado e o presente, entre a tradição artesanal e a reinvenção contemporânea.

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A paleta cromática acompanha a construção narrativa: do branco imaculado que abre o desfile, passando por neutros como bege e cinza, até os pretos intensos. As primeiras peças são blusas estruturadas e casacos que misturam a alfaiataria ao formato quimono, revelando o domínio técnico do estilista. Aos poucos, as cores e texturas evoluem para saias de palha dourada, bordados florais e aplicações que homenageiam a natureza.
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Em suas coleções mais recentes, Lino vem expandindo o espaço das criações casuais, pensadas para circular com fluidez em diferentes ocasiões. Ainda assim, mantém o brilho dramático das peças de festa no encerramento de seus desfiles — criações que combinam arte, moda e performance em sua forma mais pura.

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Mais que um estilista, Lino Villaventura reafirma seu lugar como artista-artesão, conduzindo cada etapa da criação ao lado de uma equipe fiel de artesãs, que transformam tecidos em obras de vestuário. A coleção apresentada no SPFW é um novo capítulo dessa trajetória visceral, onde o drama e a delicadeza caminham lado a lado.
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